O cimento comum representa 5% das emissões de CO2 no mundo, isso ocorre em razão do uso de materiais como o Clínquer ( Argila + Calcário). Para a produção de 1 tonelada de Clínquer, a mesma quantidade de carbono é liberada na atmosfera, algo muito preocupante.
A preocupação desse impacto no aquecimento global fez com que as grandes indústrias cimenteiras procurassem desenvolver um produto mais limpo. A maneira encontrada foi reduzir os materiais mais poluentes e substituir o Clínquer por escórias de siderúrgicas, resíduos de termoelétricas e carvão vegetal.
Da utilização destes resíduos surgiu um cimento mais ecológico: o CPIII – Cimento Portland de Alto Forno, que usa na sua produção sobras de minérios de ferro, coque e calcário, aproveitando nada menos do que 70% dos resíduos gerados pela siderurgia, eliminando assim outro problema ambiental, o descarte deste material.
Somente com a troca destes materiais no processo de produção do cimento CPIII, reduz-se em 95% as emissões de carbono e em 80% o gasto com energia em comparação ao processo de produção tradicional, números estes que nos levam a chamar o CPIII de cimento ecológico.
De uso geral, o CPIII mostrou-se um produto versátil, servindo para todo os tipos de obras, sendo mais resistente e impermeável em comparação ao cimento comum, seu processo de hidratação é mais lento e com isso o CPIII previne fissuras térmicas tornando-o ideal para fundações, lajes e pilares.
O CPIII enfrentou preconceitos no país por usar resíduos industriais. No entanto, no Brasil desde 1952, suas vantagens ambientais acabaram por mudar a opinião dos que não o aceitavam e hoje o CPIII já representa 17% de todo o cimento usado no país.
As principais produtoras do CPIII ficam no sudeste do Brasil, entre elas algumas bem conhecidas de todos como a Votorantim, Lafarge entre outras. Vale ressaltar que no sul se produz o cimento pozolânico, o CPIV, que emprega resíduos de termoelétricas e tem desempenho semelhante ao CPIII.
O uso do cimento CPIII é uma alternativa verde, fundamental para a sustentabilidade do mercado da construção civil no médio e longo prazo. Pesquisas indicam que a demanda pelo produto irá mais do que dobrar até 2050.
É importante que cada vez mais nos preocupemos com obras sustentáveis, usando materiais verdes, materiais que reduzem emissões de carbono, de consumo de energia e que poluam cada vez menos. Para isso é necessário conhecer estes materiais, ter consciência, pois embora ainda um pouco mais caros, eles representam um benefício enorme ao meio ambiente e com certeza trarão uma melhoria na qualidade de vida em nossas cidades. Ao final ganhamos todos!
Saudações ecológicas!
Agindo local, pensando global!
Carlos Avel.