“Seus netos vão te perguntar em poucos anos pelas baleias que cruzavam oceanos”.
Alguns podem não saber, mas no ano de 1981, Roberto Carlos e Erasmo Carlos se juntavam a uma grande parcela do mundo civilizado, num movimento global pelas baleias. Pretendia-se impedir uma iminente extinção de diversas espécies de baleias em função da baleação (“caça de baleia para usufruto de sua carne e subprodutos”).
Bem mais tarde surgiria a ideia de criação de um santuário de baleias do Atlântico Sul.
Ao longo do século XX, quase 3 milhões de baleias foram mortas em todo o mundo, mais de 70% delas no hemisfério Sul.
Em 1985, visando uma redução nessa predação desenfreada, foi estabelecida uma espécie de moratória para a caça comercial de baleias. Uma iniciativa para começar a redefinir o destino destes mamíferos marinhos.
No entanto, a poluição marinha, de natureza química e de resíduos, sobretudo plásticos só aumentava, tornando-se assim uma nova ameaça às baleias. Da mesma forma, os acidentes com redes de pesca e com navios contribuíam também com o aumento desta estatística.
As águas da região do Atlântico Sul, entre as costas dos continentes sul americano e africano, são habitadas por mais de 50 espécies de cetáceos (baleias, orcas, golfinhos e botos). A simples moratória não salvaria as baleias da extinção.
No ano de 1998, na 50ª Reunião Anual da CIB (Comissão Internacional Baleeira), a delegação brasileira presente manifestou seu interesse na criação de um santuário de baleias naquela região. Três anos depois, em 2001, a proposta foi avaliada pela primeira vez, porém não foi adotada pela CIB.
Desde então, a proposta vem recebendo apoio crescente de países membros, mas ainda não havia alcançado os necessários 75% para uma aprovação. A CIB é composta por 80 países.
A reunião neste ano aconteceu entre 20 e 28 de outubro, em Portoroz, na Eslovênia, e o comitê científico da CIB havia sinalizado um parecer favorável para a proposta mas infelizmente o requisito de 75% a favor da proposta não foi alcançado. Foram 38 votos a favor, 24 contra e 2 abstenções entre os países-membros presentes, ou seja, 60%.
A decisão foi tomada apesar de quase um milhão de pessoas terem assinado petições em vários países pedindo a criação do santuário.

Para que você entenda o engajamento do Brasil, durante as Olimpíadas Rio 2016, o Brasil, juntamente com África do Sul, Argentina, Gabão e Uruguai lançou a Campanha pela Criação do Santuário de Baleias do Atlântico Sul. A intenção da campanha era promover a sensibilização da comunidade internacional votante para a aprovação da proposta que seria apresentada na reunião da CIB, afinal faltavam apenas 4 votos para a aprovação.

O Japão é o país que exerce maior pressão sobre a CIB, com vistas a barrar qualquer proposta de criação de santuários de baleias. Dessa forma, ao longo dos últimos anos, vem conseguindo adiar a decisão da comissão sobre a proposta brasileira.
Por que proteger as baleias?
Essa é uma pergunta para além do emocional. De fato, por que proteger baleias? Eis, então as principais razões para fazê-lo:
